segunda-feira, 30 de junho de 2014

5 momentos em que a vida do planeta quase acabou

O ser humano está sempre querendo saber como vai ser o fim dos tempos. Faz profecias, estuda mitos e acredita em falsários que pregam a destruição do planeta sem qualquer constrangimento. Se dependesse deles, o mundo - ou pelo menos a vida nele - já teria acabado incontáveis vezes.

Do ponto de vista científico, no entanto, o apocalipse ainda vai demorar. Mas já esteve muito perto de ocorrer, e mais de uma vez, ao longo dos aproximados 4,56 bilhões de anos que a Terra tem. A ciência aponta que aproximadamente 99% das espécies que já habitaram o planeta foram dizimadas de alguma forma durante diferentes períodos geológicos.

Confira cinco momentos em que ocorreram extinções em massa no planeta.

440 Milhões de Anos

No período Ordoviciano (entre 440 e 450 milhões de anos atrás), a vida continuava restrita aos oceanos. Entretanto, foi um período de extensiva diversificação e expansão de espécies de organismos, incluindo cefalópodes como lulas e polvos, corais e gastrópodes (lesmas, por exemplo), além de outros animais com nomes bem mais estranhos, como briozoários, crinoides, graptólitos (hoje extintos) e biválvios (ou bivalves, como ostras e mexilhões), que formavam comunidades complexas.

A extinção ocorreu no final do período e é considerada a segunda mais devastadora a afetar comunidades marinhas na história da Terra. Estima-se que 85% das espécies - mais de 100 famílias de invertebrados - teriam desaparecido.

Causas

As evidências apontam para dois pulsos de extinção relacionados a mudanças climáticas globais: o primeiro ligado ao frio, e o segundo, ao calor.

Inicialmente, o clima esfriou demais. Gondwana, um supercontinente formado pelas zonas de terra firme que hoje estão no Hemisfério Sul, viveu uma era glacial, que espalhou-se por todo o globo. E o grande acúmulo de gelo gerou uma drástica diminuição do nível do mar e da temperatura na atmosfera.

Depois desse período, ocorreu justamente o contrário: aquecimento climático e elevação do nível dos mares.

Ameaça Moderna

O aquecimento global está de volta e com tudo, que o diga o urso polar, símbolo da luta de ecologistas contra a mudança climática. A espécie é considerada - inclusive pela Justiça americana - como ameaçada de extinção devido à perda de habitat, que nada mais é do que o gelo do Pólo Norte.

Cesar Schultz, geólogo e paleontólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), explica que um novo ciclo de aquecimento intenso, como ocorreu no passado, a ponto de derreter o gelo sobre a Antártica, elevaria o nível do mar em 60 m, aqueceria os oceanos e a atmosfera ainda mais e geraria drásticas mudanças físicas e químicas nos oceanos.

"É impossível avaliar os efeitos destas mudanças sobre os organismos atuais - isto é, quais seriam extintos ou não -, mas certamente o resultado seria catastrófico. Isto foi o que se imagina que ocorreu no final do Ordoviciano - o pulso de extinção ligado ao calor -, quando a Gondwana saiu do pólo e todo o gelo que estava em cima dela derreteu e foi para o oceano."

350 Milhões de Anos

A segunda grande extinção da história ocorreu no período Neodevoniano (há cerca de 350 milhões de anos, no final do período Devoniano). Entre os vertebrados, havia uma grande diversificação de tubarões, placodermos (peixes hoje extintos) e peixes ósseos (que possuem esqueleto formado por ossos). Os mares eram dominados por organismos construtores de recifes. No ambiente terrestre, a vida se espalhava com o surgimento dos anfíbios, dos insetos e das primeiras florestas.

Foram identificados, pelo menos, dois eventos de quase-extinção em um intervalo de aproximadamente 10 milhões de anos. Estima-se uma perda de 27% das famílias - de 70 a 80% formada por espécies de organismos marinhos.

Causas

Impactos de meteoros e asteroides foram detectados, mas nenhum coincide com a extinção em massa que teria ocorrido. Acredita-se que mudanças no nível dos mares e anoxia (falta de oxigênio) nos oceanos e na atmosfera levaram à morte dos seres vivos.

Ameaça Moderna

Existe a chance de os oceanos sufocarem novamente? Não só existe, como estudos indicam que o aquecimento dos oceanos e sua acidificação estão causando hipóxias (baixos níveis de oxigênio) nos mares. O problema, afirmam os cientistas, é causado pelo próprio homem.

Schultz explica que grandes depósitos de metano (CH4) em algumas partes mais profundas dos oceanos também são uma ameaça. O metano fica preso pela pressão da água e pela baixa temperatura. Contudo, um aquecimento global intenso poderia liberar o gás e, na subida, capturaria oxigênio e faria os mares sufocarem novamente.

250 Milhões de Anos

Com a formação da Pangea, o supercontinente único no período Permiano (há 250 milhões de anos), a área continental superou, pela primeira vez na história geológica, a área oceânica. O resultado desta nova configuração global foi o desenvolvimento e a diversificação das faunas de vertebrados terrestres, concomitantemente com a diminuição das comunidades marinhas.

A fauna terrestre incluía insetos, anfíbios e répteis que evoluíram durante o Carbonífero, bem como o grupo dominante de vertebrados terrestres, os sinápsidos, grupo que serviu de transição entre os répteis e os mamíferos. A flora terrestre era predominantemente composta por gimnospermas, plantas como os pinheiros, em que a semente não fica no fruto. E a vida nos mares incluía braquiópodes (que vivem conchas, assim como os bivalves), peixes ósseos e tubarões. Corais e trilobitas (hoje extintos) ainda existiam, mas eram bem mais raros.

Mas algo fez com que a vida não fosse mais tão fácil no planeta. Acredita-se que até 96% das espécies que viviam nos oceanos desapareceram. As terrestres teriam sofrido um pouco menos, mas estima-se que em torno de 70% desses seres tenham desaparecido (número não consensual entre cientistas).

Causas

Segundo Cesar Schultz, não há um consenso na comunidade científica. O problema é que várias causas teriam sido responsáveis pela extinção em massa, como, por exemplo, a drástica redução das plataformas continentais decorrente da formação da Pangea.

Outra hipótese envolve as armadilhas siberianas, erupções vulcânicas basálticas ocorridas na Sibéria, que teriam liberado uma quantidade nunca vista de gases tóxicos e de efeito estufa, que ocasionaram aquecimento global e teriam causado a perda de oxigênio nos oceanos.

Um estudo da Universidade de Leicester (Reino Unido) divulgado em 2002 indica que a lava expelida na Sibéria chegou a 1,5 km de espessura e cobriu um território equivalente ao da Austrália.

Ameaça Moderna

Em entrevista ao Terra, o geólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Valdecir Janasi afirma que os vulcões ainda são uma ameaça à vida, em especial os supervulcões. Destes, o maior é o de Yellowstone. "Existem poucas dúvidas de que ele voltará a entrar em erupção, e que ela pode ser catastrófica, como já ocorreu naquela região", diz o professor

200 Milhões

O período Triássico (há cerca de 200 milhões de anos) viu o surgimento dos dinossauros, mas não presenciou seu domínio no planeta. A extinção em massa ocorrida, contudo, não teria sido causada por um único evento catastrófico, mas por uma série deles ao longo de 15 milhões de anos.

Causas

Diversos impactos de asteroides e meteoros teriam ocorrido no período - o registro mais famoso é a cratera Manacougan, de 214 milhões de anos, localizada em Quebec, no Canadá. Além disso, o planeta passou por um resfriamento global - do qual os cientistas não descobriram relação com os impactos de asteroides e meteoros.

Além disso, uma série de vulcões surgiu no jovem Oceano Atlântico, o que pode ter contribuído para as extinções em massa. Porém, os cientistas ainda não sabem bem como isso teria ocorrido. Uma hipótese é que ocorreu a liberação de metano do assoalho oceânico, intoxicando e asfixiando a fauna marinha.

Ameaça Moderna

Um asteroide pode ser uma ameaça à vida atualmente? Em entrevista anterior ao Terra, o professor de astronomia Kepler Oliveira Filho, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), afirma que sim, já que não conhecemos todos os asteroides e cometas próximos à Terra. "Nem a Nasa, nem qualquer outra instituição conhece todos os meteoroides e asteroides que orbitam o Sistema Solar e, portanto, não podem saber com antecedência grande se um vai colidir com a Terra.", diz Kepler.

65 Milhões de Anos

Através dos períodos Triássico (há 205 milhões de anos), Jurássico (142 milhões de anos atrás) e Cretáceo (65 milhões de anos), radiações da flora e fauna resultaram em um grande número de espécies. Os ambientes continentais passaram a ser dominados por novas espécies, compostas por dinossauros, répteis, mamíferos, anfíbios e aves. Nos mares, ocorreu uma grande irradiação de répteis marinhos, além dos invertebrados, representados por animais com nomes curiosos, como biválvios rudistas, amonoides, belemnoides (todos os três extintos) e corais escleratínios (que ainda podem ser vistos em recifes).

Todo esse contexto foi drasticamente modificado no final do Cretáceo, com a mais famosa de todas as extinções em massa - na hipótese mais proeminente, o impacto de um asteroide ou cometa teria sido o principal agente de destruição da vida.

Causas

A extinção desse período constitui-se no único evento desse tipo em que há coincidência entre impacto e dados paleontológicos. A evidência mais concreta é a cratera de Chicxulub, na costa norte da Península de Yucatán, no México. Por mais de uma década, ela foi assinalada como de idade coincidindo com o fim do Cretáceo, mas estudos recentes - e ainda muito controversos - têm colocado isto à prova, por defenderem que a cratera foi formada 300 mil anos antes da data especulada.

Com isso, alguns cientistas imaginam que deve ter havido outro impacto, exatamente na época que se formou o limite K-T, camada geológica formada por rochas que marcam a transição para o período Cretáceo. O limite tem a presença de uma fina camada de irídio, depositada na mesma época que a extinção ocorreu. O irídio é um elemento raro na Terra, só sendo encontrado no manto terrestre, mas é muito abundante em meteoros e cometas. A camada é encontrada tanto em sedimentos terrestres quanto em marinhos, em vários locais do mundo onde o limite K-T aflora.

A maioria dos paleontólogos acredita que isso só se explica por um impacto extraterrestre. Além do irídio, são encontradas em abundância esférulas de basalto, as quais devem ter sido geradas por um impacto na crosta terrestre e, posteriormente, lançadas na atmosfera. A presença de grãos alterados de quartzo, diagnósticos de impactos, também fornece evidência adicional.

Ameaça Moderna

Objetos menores já atingiram a Terra recentemente, como o caso que aconteceu na Sibéria em 1908, quando um cometa - ou possivelmente um asteroide - caiu na região e gerou destruição de uma área de 2 mil km². Em julho de 2011, cientistas da Universidade Southampton, na Inglaterra, criaram um ranking de países que mais sofreriam no caso da queda de um asteroide na Terra. Na lista de 10 nações, o Brasil ocupa o 9º lugar, o que significaria que o País sofreria graves perdas estruturais e ocorreria um grande número de mortes na população.

Fonte: Terra

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